Oh foi tão bom, conhecer avós, só que também foi triste, porque eram cinco e só conheci infelizmente três (um era meu tio-avô, mas nunca fizemos essa distinção, era avô e mais nada). Mas esses três eram bem castiços, principalmente o meu avô C., era um velhote adorável de chapéu, e bengalinha, e nunca deixava esta netinha sem carinho, e rebuçados, sim a despesa com o dentista começou logo ali, na infância, eram tardes bem passadas ele a conversar com a minha mãe e eu a brincar na terra batida, com as bonecas, os trapitos, e mais coisas que agora não me lembro, porque a idade chega a todos, só me deixaram brincar, não cuidar do meu irmão quando o meu avô adoeceu, e precisou de cuidados especiais, e ai as brincadeiras foram mudar fraldas, dar carinhos ao mamo mais novo, o avô estava cada dia pior, e depois morreu. Mas ele morreu e lembro-me de ir ao enterro com os meus primos, e de andarmos a passear no cemitério, enquanto os nossos pais, choravam a morte do avô, éramos tão inconscientes, e o melhor foi que os pais nem ralharam. Quando chegamos a casa, as notícias eram boas, havia um novo elemento na família. Não esquecemos o avô, mas cada vez que damos os parabéns à A., pensamos hoje faz anos que morreu o avô.
Já da minha avó V. , a conversa é bem diferente, éramos maiores, mais férias em conjunto, mais memórias daquelas praias onde tínhamos liberdade, mas também mais responsabilidade, porque ela era justa e castigava e premiava com regra e sabedoria. Também nos enchia de risos quando se comportava quasecomo nós, alinhava e gostava das brincadeiras, mas depois crescemos e ela ficou sem paciência para adolescentes com feitios mais do que mpossíveis, eram maus e mesmo uns putos traquinas. Quando morreu, foi triste, nem estava á espera, mas é como dizem, a vida, estava velhinha e cansada. E no velório, fomos buscar todas as recordações de infância e fizemos a justa homenagem.
Do meu avô I., tenho recordações alegres, era um senhor simpático, afável e nunca se zangava, era uma paz de senhor, pequenino, de boné, era e estava sempre alegre para nós. E foi a primeira pessoa morta que vi, telefnaram para a escola (naquela altura viviamos a quilómetros luz dos telemóveis), e lá viemos nós no autocarro muito mais cedo, aulas a que faltamos, justificadas e quando cheguei a casa da minha avó, entrei no quarto e estava a minha mãe a vestir o casaco ao meu avô, não me assustei, mas ainda tenho aquela imagem felizmente que a minha avó depois mudou a distribuição do quarto.
Dos outros avós só sei o que me contaram, sensações, e sonhos com as pessoas das fotos, porque deles não tenho memórias. E sinto essa falta, mas morreram antes de eu ser sequer projecto de gente, etambém deixaram os filhos tristes e sós.