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a herança do vazio

Blogue de pensamentos, acontecimentos, experiências, viagens e coisas minhas.

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Maio 29, 2018

m.

Caminhada 6 Experiências no Gerês – Aldeia de Fafião; Cabril, Montalegre

Percurso – Trilho da Vezeira (+_ 20 Km) 

Saímos cerca das 7:30, mais minuto menos minuto, seguimos em direcção a Montalegre pelo lado que eu nunca tinha ido, seguindo a estrada nacional para Braga, logo aqui começo a ter a minha 1ª Experiência, o rio Rabagão com a barragem era uma coisa que já tinha ouvido falar, mas a minha veia aventureira ainda não tinha dado para a descobrir, afinal é mesmo ali, até se avista da estrada, não é necessário percorrer caminhos estranhos ou sombrios, um outro dia com mais calma descubro a barragem, albufeira e o rio. Falaram-me de um cozido logo ali, depois de atravessar a barragem á direita, dizem que é de chupar os dedos de tão bom que é. Mas isso fica para outro dia, que neste as coisas estavam programadas ao minuto.

Passamos pela barragem de Venda Nova, mais pequena, mas de uma beleza incrível, e depois (de quase 90 Km) virando á direita a entrada no Parque Nacional Peneda Gerês, a minha primeira vez…..e isto conta como 2ª Experiência. Atravessamos pela barragem de Salamonde, e eis que a primeira coisa que vemos é um lobo,  a guardar a zona e a olhar para quem vem ai visitá-los no seu habitat (medo).

Chegados a Fafião, uma aldeia comunitária, esta é a minha 3ª Experiência , nunca tinha visitado uma aldeia comunitária em que todos trabalham para o bem de todos, adoro esse espírito e que se mantenha nos dias de hoje, a última aldeia Transmontana, pertencente ao concelho de Montalegre e  distrito de Vila Real, começamos a organizarmos e momentos fotográficos, depois uma breve visita ao Eco Museu do Barroso, com uma breve explicação do que era o Fojo de Lobo, e o que era o Trilho da Vezeira.

"Trilho da Vezeira

Este percurso é feito os Baldios de Fafião, freguesia de Cabril, Concelho de Montalegre. Está sinalizado pelas tradicionais “Mariolas”. É considerado de elevado grau de dificuldade, quer pela distância percorrida 20,33km, quer pelas várias diferenças de costa, desde 500m aos 1260m de altitude. Aconselha-se acompanhado de um guia, já que de Inverno a serra está sujeita a densos nevoeiros e a nevões inesperados nas costas mais altas e no Verão a vezeira encontra-se a pastorear na serra e requer um acesso controlado. Parte-se do centro da aldeia de Fafião, com passagem no Fojo dos Lobos, e inicia-se a subida á serra em direção aos corrais e cabanas existentes ao longo do trilho. As cabanas, pequenos abrigos espalhados pelos montes, servem de pernoita aos pastores nos meses de vezeira. Estas são construídas maioritariamente, em pedra, possuindo diversas variantes, conforme a época em que foram construídas. Muitas vezes, na sua construção, é aproveitada a natureza do terreno (elevação, pedras grandes ou rochas para uma parede). 

Âmbito do percurso: Paisagem Natural/Comunitarismo - Distância percorrida: Cerca de 20,5 KM - Duração do percurso: cerca de 8 horas - Grua de dificuldade: Elevado - Cota mínima/máxima: 500m/1260m

A Vezeira A Vezeira consiste na junção dos rebanhos duma aldeia para serem pastorados em terrenos comuns, badios. É baseada no agrupamento dos proprietários de gado, seguindo regras de funcionamento comunitário, transmitidas de geração em geração. O papel principal de todos os membros da vezeira é conduzir o rebanho á vez.

A Vezeira das vacas A associação desta vezeira é constituída pelos representantes das famílias envolvidas. A vezeira é regida por regras específicas, efetuada em Maio e Setembro, utilizando em comum os terrenos baldios da serra e o touro de cobrição. Um participante deverá guardar m número de vezes aproximadamente proporcional ao número de cabeças que possui. No caso de Fafião, dois bovinos correspondem a um dia a guardar o rebanho num sistema rotativo. No caso, de possuir, por exemplo, três cabeças e gado, deverá num ciclo guardar uma vez e no ciclo seguinte duas vezes chamado o “Pernão”. O número de rodas numa época, dependerá do número total de participantes e de cabeças de gado. Os participantes que vão iniciar a guarda do gado deverão subir de tarde, de modo a que seja possível às pessoas que se encontram na serra descer á aldeia antes de anoitecer.

A Vezeira da rês Cada proprietário deverá pastorear o gado caprino um número de dias proporcional aos seus efetivos. No caso da vezeira da rês, em Fafião, de 18 a 22 cabeças implicarão a obrigação de guardar um dia durante o período total. Se um proprietário possuir apenas 10 cabras, irá uma vez numa circulação, ficando dispensado no período seguinte. O pastor, normalmente acompanhado por um cão, volta ao fim do dia, com o rebanho para a aldeia. Nos meses de Verão, a partir do primeiro dia de Junho, os animais, após o dia de pastagem, pernoitam na serra num curral bem cercado. Quanto ao pastor, volta para passar a noite na aldeia.”

http://www.serradogeres.com/index.php/trilhos-pedestres/trilho-da-vezeira

 

Breve vista ao fojo do lobo, uma armadilha para a protecção dos rebanhos e da aldeia;

Fojo do Lobo de Fafião

Descrição: Trata-se de uma estrutura em granito de paredes convergentes, sendo a cova de planta circular. Tem como particularidade estrutural a ausência de cápias a formar o rebordo no topo do muro, com cerca de 64 metros de comprimento e 2,17 metros de altura média, revelando a boca do fojo ao seu término um desnível ascendente. Acredita-se que era utilizado sobretudo no inverno, altura em que os agricultores conduziam o gado caprino e bovino para o Monte de Baixo, localizado a Sudoeste da aldeia e delimitado naturalmente pelos rios de Fafião e Cávado. A cova do fojo era encoberta com madeira disposta horizontalmente e uma coroa de ramagens, facilmente ultrapassável pelo lobo. Os caçadores, munidos de armas, impediam a fuga do lobo por entre as águas dos rios, encaminhando-o para o fojo, onde o aguardavam homens prontos a atirar. Não se sabe ao certo a sua data de edificação, acreditando-se que data do século XVIII, sabendo-se apenas que foi recuperado em meados do século XIX. Sofreu depois obras de beneficiação e limpeza nas décadas de 1980 e 1990. “

https://www.cm-montalegre.pt/showPG.php?Id=429

Depois deste breve visita fomos agraciados com um pequeno-almoço, substancial, com todos os ingredientes necessários para termos energia, para subirmos aos montes que se avistavam ao longe. Terminado o pequeno-almoço, é-nos dado o almoço em sacos individuais e é composto por fruta, pão, salgados e água. Depois uma outra surpresa o nosso meio de transporte, o que receei que fossem animais de quatro patas, vulgo burros, não sei porquê mas isso metia-me medo, por isso quando vi o trator vermelho fiquei tão contente aos anos que não andava de trator, e isso foi um voltar á idade jovem em que fazíamos coisas super inconscientes nos tratores…..Fartei-me de rir, e levar encontrões e afins, o percurso era acidentado como só os caminhos agrícolas e de serraria conseguem ser, naturais e apenas trabalhados pela natureza.

Chegados ao alto da serra, partimos em fila indiana por um percurso de carreiro acidentado de pedras, ervas com flores lindas, urzes, cardos e a natureza no seu estado mais puro, ao longe avistamos cumes, cavalos selvagens, cabras, e vacas, pelos carreiros pisamos bostas, e não há como evitá-las, é pisar para dar sorte e conseguirmos o nosso objectivo, aquelas lagoas de águas translucidas que bem longe a nossa vista alcança. O nosso objectivo era chegar a umas lagoas naturais, mas só conseguimos chegar à Albufeira Porto das Lages.

O percurso é duro, é sim senhor, custou e muitas vezes precisámos de ajuda dos guias para subir lances de pedras, riachos mais pequenos, ou entre uma zona de desníveis, a minha companheira ficou no primeiro porto de abrigo, e eu fiquei mais tranquila, porque se tinha sido duro até ali, a partir dali e era a descer, foi muito pior, entre pedras, e escarpas medonhas (não pensei no perigo), safei-me segurando-me ás pedras, aos arbustos (desculpem, mas teve mesmo de ser), fazendo força, fincando os pés num local mais seguro, e assim desfrutando um pouco também da paisagem, quando era menos perigoso, entre goles de água conversas de circunstância, entreajuda entre todos os caminhantes, chegamos cansados, esfomeados e ao longe vimos que o céu estava a ficar daquele tom de cinzento, que trás muita chuva (felizmente não aconteceu), por isso comemos, e recomeçamos o percurso em sentido contrário….Subidas pelas encostas com calor, sede e a precisar de tirar as pedras dos ténis , aproveitando qualquer paragem para retemperar forças, chegámos a um local alto e ermo, mas a partir dali, foi mais fácil, era pela encosta, mais a direito, e no meio aproveitamos para abastecer de água cristalina, pura e fresquíssima, que nos soube “pela vida”, e ao longe reencontramos os companheiros que tinham ficado e foi engraçado esse reencontro. 4ª Experiência concluída com muito sucesso. Uma caminhada em comunhão com a Natureza no seu estado puro.

Aguardava-nos um lanche- ajantarado com música, e espírito de festa e missão quase cumprida, a 5ª Experiência foi todo um acontecimento, uma festa em pleno Parque Natural Peneda Gerês. Comida confecionada na hora, quente e com sabores campestres, uma sopa da pedra feita num pode de ferro, esta minha 6ª Experiência foi deliciosa, a sopa estava maravilhosa, com todos os ingredientes que uma sopa do campo deve ter, ingredientes fortes, saudáveis que nos ajudem a repor as energias, que temos de dançar e ainda caminhar. Nota de agradecimento com aquela casa de banho, foi bastante prática e muito utilizada, mais natural era impossível.

A 7ª Experiência era vermos o por do sol, e apesar de só ter dado um pequeno ar da sua graça, conseguimos uma ou outra foto do por do sol atrás das serras do lado do Distrito de Braga.

Depois de tudo jantado, dançado, são-nos distribuídas pequenas lanternas, porque ainda faltava a 8ª Experiência, caminhada nocturna ao luar. Foi mesmo bom termos lanternas, e percorrer aquele estradão de volta ao “encontro da outra estrada”, senhor guia você foi um pequeno e divertido maroto. Quase a chegarmos á aldeia, um dos guias diz, que está ali um lobo, que nos vinha a seguir desde há muito, lá pelos altos do penedo, e para nós termos sempre a luz acesa e fazermos barulho, 9ª Experiência, ou a experiência mais assustadora.

As pessoas que não conseguiam ou não quiseram fazer a caminhada nocturna, voltaram a ir de trator, e estavam á nossa espera, novo reencontro e fomos agraciados pela organização com um espetacular fogo-de-artifício que foi o culminar de um dia espetacular repleto de Experiências, Surpresas e Descobertas do nosso Portugal mais profundo e ainda bastante preservado, o que espero que se mantenha assim.

Respeitar a Natureza, os seus habitantes, e os outros.

Parabéns á Organização e a todos os envolvidos nestas experiências únicas que se levam para a vida.

 

Organização Ideias Essencias Eventos e  Passeios Turísticos Faustino Teixeira( http://www.ideiasessenciais.pt/ )  ( https://ptpt.facebook.com/passeiosturisticosfaustino.teixeira )

 

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